quinta-feira, maio 26, 2005

Apresentação

Meu barco navega sozinho por rumos que desconheço, às vezes me sinto à  deriva, às vezes me tomo em remos. Quando encontro outras embarcações é quase sempre um acidente daqueles leves, mas com tons de catástrofe. No meu barco todos os dias são iguais, sempre as mesmas xÃícaras de café, as mesmas lágrimas, os mesmos sorrisos. Minha jangada é pequena, mas entra quem quer, sai quem quer, desde que me deixe um souvenir, uma lembrança qualquer da presença. Todo mundo faz de mim o que quer, porque eu não ligo. Quando me sinto suja tomo um banho de mar, olho as estrelas nesse vai e vem que às vezes enjoa. Eu vivo no mar porque ele balança, e os dias de calmaria me sufocam que quase não aguento. Já encalhei num banco de areia e vivi lá, como se fosse birmanesa. Evito parar em ilhas, esse barco faz uma viagem só, e ela não tem fim.

Saiwalô