sábado, maio 28, 2005

Isolda

Isolda entrou em casa pela manhã, exausta da noite. Marcelo olhou-a com cara de desgraça, pegou a bolsa do ombro de sua esposa, e aconchegou-a no sofá. Perguntou o que tinha acontecido, ela evitou, com um sorriso bobo, 'a mesma coisa de sempre, meu bem, não sei porque você se preocupa, foi assim que me conheceu'. Ele, ainda com o olhar fixo, como o de todas as manhãs, falou a ela que por isso pergunta 'porque eu não quero te perder'... 'eu conheci você, não conheço todos os caras, todas as bocas, todos os sexos que me passam pela frente'.... 'às vezes, meu bem, a gente não conehce quem quer'. 'às vezes, meu bem, a gente só conhece alguém quando quer!'.
Isolda levantou-se, foi até a cozinha, pegou uma lata de coca-cola, voltou a sala, deu um beijo em marcelo. 'tomarei banho, quando você voltar, deitamos.' Marcelo levantou-se, abraçou Isolda com carinhoe foi dar sua aula. Isolda entrou no abnho, apagou as marcas da noite, tirou a maquiagem pesada, borrada, reparou que havia quebrado a unha em um apartamento qualquer. Sorriu, sem graça 'se alguém morrer lá, acharão que eu fui a assassina.' terminou seu banho rápido e foi dormir seu sono fraco, porém tranquilo, daqueles de quem não se preocupa. Dormiu pouco, e o telefone tocou: 'isolda!' 'que é, izolita?' 'pedro quer que eu more com ele. não sei o que falar sem magoá-lo' 'ah, meu bem, não se preocupe. você sempre o magoa. deixa de lembrança somente bilhetes, sequer esquece uma roupa. só acho, querida, que algum dia, não haverá mais pedro, e em um outro dia, mais ninguém.' 'eu não o amo.' 'acho que ama. mas escolhe a falta!'