segunda-feira, setembro 05, 2005

Para Izolita

Querida Izolita,
Como vai? Hoje me deu saudade das nossas cervejas no chão de brita, de falar dos garçons-simpatia que intentam roubar o lugar dos nossos garçons favoritos. Hoje queria largar tudo e tomar um vinho no parque, compilar nossas memórias em livros. Hoje escolhi a falta, querida, que nem você. Estou meio farta de amores tangíveis. Sabe, Izolita, eu te invejo por ter para onde correr, ainda que seja falta, invejo não poder fugir de tudo num domingo e me abrigar em braços distantes, mas eu não tenho braços distantes. Às vezes me pergunto: aonde estará o meu amor? Em Adriano? Não sei. Talvez passeie por campos distantes, na África, olhando os guepardos. Talvez no Rio de Janeiro. Só sei que meu amor não é taoísta, ou quem sabe seja? Acho que queria mesmo é viver solidão, em todos os poros, porque acho que devia me chamar Solitude. Ai, Izolita, essa incompletude é que me mata! Queria muito poder dizer "queria tanto te ver!" e ouvir um "eu também". Queria receber um telefonema que dissesse "vou passar aí só para te dar um beijo, porque sinto sua falta". Acho que queria que Adriano fosse presença, mas não é. Tenho vontade de escrever cartas como bíblias e tomar cervejas geladas. Hoje queria fingir que não existo, fazer-me ficção em longas páginas de histórias fantásticas e chorar lágrimas vazias, sem significado, sem motivo. "Find some beautiful place to get lost". É, queria poder te encontrar esta tarde.
Mil beijos, minha querida.
Virgínia